Como um rio às vezes me sinto
De águas límpidas e transparentes
Como um rio às vezes me sinto
Sem poder escolher os afluentes.
Como um rio às vezes me sinto
Num percurso sinuoso e lento
E às vezes me arrebentando
De correntezas por dentro.
Como um rio às vezes me sinto
De alegrias transbordante
E ao mesmo tempo no meu leito
Recolhido e rastejante.
Como um rio às vezes me sinto
Por entre montanhas , matas e florestas caminhando
E em locais ermos e áridos
Abstraidamente perambulando.
Como um rio às vezes me sinto
Por todos os lados pressionado
E, inesperadamente me mostro
Em cachoeiras libertado.
Como um rio às vezes me sinto
Pelo vento suavemente acariciado
Por vidas mil habitado
E, sem nenhuma razão aparente
Em força devastadora transformado.
Como um rio às vezes me sinto
Sempre para a frente se projetando
Sem saber aonde se vai chegar
Mas, como um rio que se preza
Lentamente tento…
No percurso me acomodar.
Como um rio às vezes me sinto
Pelo mar docemente abraçado
E, nessa imensidão, perdido
Me contento sendo em nuvem sublimado.
Como nuvem me sinto
Através do vento açoitante
Transformado em sombras negras
Pesadas e itinerantes.
Como sombras
Em lamentos murmurantes
Pelos campos derramados
Me traduzo em pingos d’água
Por entre raízes e pedras acuados.
Concentricamente conclamado
Devagar vou me ajuntando
E, novamente…
Em rio me tornando
E assim…
Às vezes…
Como um rio…
Eu me sinto…
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